Como será que a gente consegue mover os dedos, os braços e as pernas na direção e no momento que a gente quer? Deve ser estranho você querer mexer a sua mão para a direita e ela ir para a esquerda, não? Já parou para se perguntar sobre por que o corpo faz o que queremos? A Lívia, que tem 10 anos e mora em Caeté, já. O Ciro Murad, aluno da faculdade de Medicina da UFMG, lança uma luz sobre o assunto e explica a pergunta para a gente. Veja o que ele disse:
“Oi Lívia. Adorei sua pergunta. A resposta pode parecer simples, mas na verdade não é.
Para você entender a resposta à sua pergunta, vou ter que te explicar um pouco sobre o funcionamento do nosso cérebro. Vamos lá? Basicamente ele é dividido em áreas sensitivas ou “receptoras”, motoras ou “efetuadoras”, e de associação. Vou te dar um exemplo: imagine que alguém encoste alguma coisa em seu braço. A sensação é transmitida através de nervos que ligam seu braço ao cérebro. Esses nervos são como longos fios que transmitem ondas elétricas. Na área sensitiva do cérebro essas ondas são decodificadas e percebidas com a sensação de alguma coisa encostando no seu braço. Apenas no cérebro essa sensação se torna consciente e você é capaz de descobrir o que esta encostando em seu braço, mesmo de olhos fechados. Experimente fazer isso em casa.
Mas você pode estar se perguntando, “como isso acontece?” Na verdade, nosso cérebro, além de decodificar estímulos elétricos vindo de partes distantes do nosso corpo, compara esses estímulos com informações já armazenadas. Isso ocorre nas áreas de associação, que se tornam progressivamente mais complexas. Por isso você consegue identificar um lápis colocado em suas mãos com os olhos fechados. Nessas mesmas áreas você considera um carinho de sua mãe como agradável e um beliscão como desagradável.
Essa divisão ocorre de maneira semelhante para as áreas motoras ou “efetuadoras do nosso cérebro”. Vou te dar mais um exemplo. Quando você tem vontade de fazer alguma coisa, a informação é passada de uma área de associação do cérebro a uma área motora. A partir dessa área motora os nervos (os fios elétricos do corpo) ligam o cérebro aos músculos. Quando a informação (na forma de eletricidade) atinge o músculo, ele contrai, ou seja, encurta de tamanho, permitindo a realização de um movimento.
Mas como o cérebro sabe qual músculo ele deve contrair para realizar um movimento?
Na verdade, a área motora da qual falamos é dividida em pedacinhos, e cada um deles corresponde a uma parte do corpo. Portanto, se você estiver jogando futebol, a área de associação cerebral manda uma informação para a parte da área motora correspondente aos músculos da sua perna permitindo que você chute a bola. Essa informação é influenciada por outros locais do cérebro que vão regular a intensidade e a precisão do movimento. Com o treinamento constante essa regulação vai se tornando cada vez mais precisa e sofisticada. Por isso alguns dos seus colegas jogam bola tão bem e outros tão mal!
Para finalizar gostaria que você conhecesse uma área de associação excepcionalmente importante: é o córtex pré frontal. Essa área é comum a todos os mamíferos sendo bem maior no homem que nos outros animais. é responsável por integrar as informações sensoriais e motoras. Não seria incorreto dizer que boa parte dos nossos pensamentos e vontades surgem ai, visto que essa área estabelece relações com todo o resto do cérebro inclusive áreas relacionadas ao prazer.”